Eu, mulher negra, RESISTO!
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Nota de apoio e força a coletiva feminista radical MANAS CHICAS
"Nós somos o canto dos que nos julgaram mortas"
O blog SERVIÇO DE PRETA vem com esta nota prestar todo apoio a Coletiva Feminista Radical Manas Chicas. Sabemos que é muito difícil construir qualquer movimento que vá contra a corrente ,a luta feminista sempre enfrentou diversas ameaças e resite as custas de muito trabalho. Há quem acredite que não há mais tanto trabalho, há quem diga que nenhum espaço é mais negado pra nenhuma mulher, tem quem acredite que algumas mulheres já tem até a liberdade de fazer o que quiserem com seus corpos. Nós feministas abolicionistas sabemos que não é verdade. Nenhuma mulher é livre, nenhuma movimentação nossa é livre de milhões de vigias do patriarcado que esperam só uma chance pra nos açoitar. Resistir ao movimento de massacre é complicado, existir é quase impossível e nos unir para conversar sobre tudo isso, é um atrevimento que custa muito pra nós, mas também ao patriarcado. A coletiva MANAS CHICAS assumiu uma postura muito corajosa quando lançou o "festival SÓ AS MANAS", para reunir mulheres e conversar assuntos que em qualquer espaço não exclusivo esta cercado por observadores com a missão de não permitir que as mulheres se sintam a vontade pra falar sobre elas. O evento foi ameaçado desde o lançamento da ideia, até o fim do encontro. Não é novidade alguma tentarem impedir mulheres de falar sobre: violência obstetrícia,violência psicológica, violência sexual, violência doméstica, menstruação, sexualidade, maternidade lésbica e outros assuntos que apareceram no encontro, sob ameaça de violência física, exposição na internet e exclusão de espaços físicos.
A Coletiva Feminista Radical Manas Chicas proporcionou um evento seguro e muito importante para o fortalecimento de muitas mulheres. Depois do evento acompanhei alguns depoimentos e em todos eles tinham em comum o " muito obrigada por este dia".
O evento veio num momento de desgaste enorme, desentendimentos e afastamentos do feminismo justamente porque o medo havia ganhado espaço. O medo de ser perseguida, violentada, excluída, ridicularizada, estuprada, amordaçada por ser mulher, pairou
na cabeça de muitas e neste sentido o encontro ajudou a fortalecer e libertar as amarras. Como é possível sendo feminista, sabendo o quão difícil é em todos os sentidos organizar qualquer evento/encontro, [como achar um lugar? Como ser possível que todas cheguem sem gastar muito? Como manter o evento funcionando ( comida )? E o tempo pra organizar que nunca sobra? E a disponibilidade das mulheres pra poderem estar fora de casa ( empregos com carga horária exaustiva, filhos, proibição da familia, etc)] não apoiar um evento desses? A coletiva manas chicas enfrentou, organizou, reuniu, e foi um sucesso!
Nós sabemos que estas violências vem em nosso sentido porque somos mulheres e porque resistimos. Então que estejamos juntas para que Nenhuma mulher seja silenciada, vigiada e impedida de lutar. Todo meu apoio e força ás membras do coletivo, sem deixar de manifestar apoio específico a membra Maíra Maximiliano, feminista radical negra brutalmente atacada e exposta na web por se posicionar politicamente organizando o evento, eu só tenho a oferecer um abraço apertado em nome dos laços que nos unem contra o racismo e misoginia. Mesmo sendo uma, somos muitas, por isso mesmo não sendo um coletivo, decidi me posicionar como blog que tem em média 4 mil visitas por mês, a maioria de mulheres e mulheres negras que acompanham, se constroem e reconstroem a partir desse espaço. É por nós, por amor e por respeito á luta das mulheres.
Este blog é feminista: materialista, lésbico, abolicionista, antirracista e apoia a coletiva MANAS CHICAS
Eu mulher negra RESISTO
Aline Dias
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